[Missão Fácil] Hibari e Naoki

O seu caminho foi bastante calmo, sendo que a rota que habitualmente levava era quase sempre a mesma, fazia já uns bons dois anos. Pelo caminho encontrava-se um pequeno alçapão no meio da floresta, junto a um punhado de árvores de fruto, que era somente utilizado pelo rapaz como um pequeno armazém. Dali retirou a sua katana, com a qual tinha treinado nos últimos dois anos, e com a qual se tinha tornado bastante ágil. Parou tão somente por instantes para admirar a beleza e a mistura de tonalidades que agora banhava a pequena zona florestal da ilha, deixando as copas das árvores cobertas numa luminescência dourada que era tão agradável.

Retomou caminho não muito depois, e finalmente chegou ao vilarejo onde ficava o porto, e ali iria encontrar-se com uma pessoa em particular, bastante peculiar. Não pôde evitar deixar escapar um breve sorriso, era provavelmente graças a ele que iria agora partir rumo à aventura e ao desconhecido, não sabia ao certo porquê mas tinha a sensação que em breve tudo iria encaixar na sua mente.
Sem dar por isso, encontrava-se já praticamente no centro da vila quando um homem se aproximou de si. Parecia bastante débil. Maioritáriamente devido à sua avançada idade mas também pela falta de consistência física.

Shizuri-san? - disse espantado, enquanto o homem parecia tentar recuperar o fôlego. - O que se passou? O senhor está bem? - o homem demorou a recompôr-se. A idade já não lhe permitia aquelas correrias e parecia ter estado a esforçar-se bem mais do que devia.
O meu dinheiro! - disse, finalmente. - Eles levaram-me o dinheiro todo!
Quem!? - interrompeu o rapaz, estranhando a situação. Fazia já bastante tempo desde que algo havia sido roubado por aquelas bandas, e eram sempre casos isolados e de pouca importância. Geralmente era comida ou bens de primeira necessidade, mas nunca havia sido roubado dinheiro.
O homem tossiu e parecia estar prestes a desvanecer. - Oy! Ossan! - ajudou o homem a equilibrar-se, de forma a não cair.
Foram eles. - disse o idoso ainda entre grandes arfadas - O gang do Gerard.

Perplexo. Era como ele se sentia, realmente. Estaria o homem a falar do mesmo gang que ele conhecia? Não, isso era impossível. Aquele grupo nunca havia feito mal a uma mosca, tinham apenas o sonho de se tornarem piratas num futuro próximo, e ainda assim... como?
Tentou dizer algo mas foi incapaz, a face do homem parecia ter já ganho alguma côr e ele estava quase totalmente recuperado físicamente. - Eu tentei persegui-los mas não consegui, são muito rápidos para mim. - concluiu, com algum pesar.
Descanse. - Naoki olhou na direcção da floresta mais a norte. - Eu irei tratar de tudo.

A mente do rapaz andava um pouco à deriva, tanto que nem se deu ao trabalho de responder ao comentário que lhe havia sido dito pelo seu companheiro de viagem. Estava confuso e intrigado com o que poderia ter acontecido com aqueles que em tempos havia chamado de amigos, e iria fazer algo antes que as coisas se tornassem realmente feias.

A entrada da gruta onde o esconderijo deles se encontrava ficava já ali em frente, e como ele já esperava, não haviam visto ninguém de guarda nas redondezas, nem qualquer tipo de armadilha. Isso era apenas mais um engodo, e perante a entrada na espaçosa gruta os dois companheiros vieram a perceber o porquê.
Estava totalmente desocupada, e tirando o ocasional som do vento a ressoar nas paredes rugosas, o silêncio reinava naquele local. Era nostálgico, o número de vezes que ali havia estado antes, noutras circunstâncias. Mas agora estava ali para impedir os actos que haviam aterrorizado a sua vila. E sem perder tempo a sua mão direita varreu a parede leste da gruta, sentindo cada rugosidade e protuberância encontrada, até que por fim... *click*.

Ao que parece não mudaram nada. - olhou para Hibari e sorriu ao de leve ao ver uma das rochas mover-se ao fundo da gruta, deixando visível umas escadas que davam passagem subterrânea. - Eles não devem de estar à nossa espera, mas não te deixes apanhar de surpresa, um deles consegue dar um bom soco. - o ruivo sabia que não precisava de se preocupar, afinal ele havia já testado as capacidades físicas de Kyoya e estavam mais que aptas a aguentar-se contra aquele pequeno desafio, aliás era mais por isso que ele se preocupava, já que detestaria que a força do seu companheiro causasse mais estragos que os estritamente necessários para dar uma lição aos membros daquele gang. Manteve as suas preocupações para consigo próprio, confiava no outro rapaz o suficiente para saber que ele nunca os mataria, por isso o que lhes restava agora era seguir em frente.

Dois ou três minutos foram necessários para os dois percorrerem todo o caminho entre a gruta onde ainda agora haviam estado, e o local onde queriam chegar. Ao fundo da escuridão, mais uma porta se abriu, desta vez manual, o que permitiu a entrada sem demais efeitos sonoros a acompanharem os dois. Na saída, o esconderijo dividia-se em três corredores, e estes por sua vez davam acesso a duas salas que mudavam de uso em periodos de tempo específicos e um armazém onde antigamente eram guardadas as armas e bens de primeira necessidade para o grupo.
Naoki pôde apenas supor que, se o bando havia alterado a sua rotina, o seu esconderijo estivesse também muito diferente daquilo que em tempos havia sido. Fez sinal a Hibari para o seguir e escolheu o corredor da esquerda, que anteriormente dava acesso ao armazém. Espero não estar errado... foi o pensamento mais óbvio na sua mente, à medida que o corredor terminava e dava acesso a uma porta bastante rudimentar. A sua mão esquerda colocada na porta e a direita no punho da sua katana. Aquilo estava realmente diferente, e por muito que tentasse não conseguia remover da sua mente a ideia de que estava a ser observado. Deixou a maçaneta da porta rodar lentamente, e esta abriu quase sem esforço.

Imediatamente ouviu um grunhido, e os seus olhos vasculharam o local o mais depressa que ele conseguiu, detetando um homem amordaçado não muito longe de uma das paredes da enorme sala.

Que raios se passa aqui? - murmurou, mais confuso que outra coisa. Nem sequer teve tempo de entrar totalmente pela porta, já que da sua direita se aproximou um punho cerrado, prestes a derrubá-lo. Um passo atrás foi o suficiente para sair do caminho, e a sua mão direita, ainda na maçaneta da porta, fez o gesto do fecho da mesma, entalando o pulso do agressor com bastante força.
Tal como um chicote, a porta reabriu-se e sem hesitar, Naoki aproveitou o momento de confusão para pontapear o seu atacante para longe. Não se deu ao trabalho de o ver, maioritáriamente porque não o queria fazer, não queria reconhecer que o grupo onde uma vez estivera se havia deixado baixar àquele nível.

GERARD! ONDE ESTÁS SEU COVARDE!? - sentia-se furioso com aquela demonstração de fraqueza, mas o seu grito tinha outro propósito, ressoar nas paredes subterrâneas e ajudá-lo a posicionar-se entre possíveis ameaças. Deu alguns passos na direcção do homem que se encontrava amarrado, os seus olhos pareciam arder de raiva, e talvez estivessem mesmo, tanto que não viram mais um ataque, desta vez da parte de trás. Não teria tempo de se desviar.

Tudo indicava que o rapaz conhecia mais do que inicialmente indicara, sabia exactamente onde o se encontrava o mecanismo que revelava a passagem secreta, assim como que caminho tomar quando se deparam com três caminhos. Se bem que há medida que iam avançando este começara a mostrar leves sinais de hesitação, ainda assim não parando.

Chegaram ao final do corredor, toda a acção seguinte passara-se sem que Hibari a presencia-se, tudo o que se apercebera foi de um grunhido emitido no momento em que a porta foi aberta, sendo fechada logo em seguida não tinha entendido a razão de tal acção até a porta ressaltar ao embater em algo seguindo-se de um gemido de dor. Finalmente tinham encontrado alguma resistência, já não era sem tempo quanto mais tempo demorassem a encontra-los mais tempo teriam de perder com o “bando de amadores”. Mal conseguira vislumbrar o interior da sala e já teria de entrar em acção um segundo elemento do gang armado com uma pequena faca preparava-se para tomar vantagem de Naoki estar de costas a tentar auxiliar o homem amarrado. Retirara do interior do cinto duas agulhas arremessando-as com grande destreza, atingindo o atacante na zona do ombro direito e na zona da coxa esquerda. A precisão das agulhas era monstruosa, estas não provocavam qualquer tipo de dor, causando sim uma paralisia temporária da qual não hesitara a tirar vantagem, percorrera a curta distância que os separa e pontapeara-o na zona do queixo de modo a agitar o cérebro e o fazer desmaiar.

Tentara conter-se mas não conseguira deixar passar aquela situação em branco.
- Felizmente que me tens aqui para te ajudar “capitão” de outra maneira já teria pelo menos mais um “buraco” nesse corpinho. – Soltara uma pequena gargalhada recompondo-se em seguida confirmara os dois indivíduos inconscientes no interior daquela sala, sabia que apesar de todas as suas más acções se matasse algum deles o mais provável era que os habitantes da vila os considerassem assassinos e os denunciassem há marinha. Felizmente nada de grave se passava com nenhum deles, só o que tinha levado com a porta se encontrava com o pulso fracturado, rasgara parte da camisa e enrolara-a no pulso criando assim alguma pressão, era o máximo que conseguia fazer por ele naquelas condições.

Finalmente perdera algum tempo a observar a grande sala, as paredes apesar de estarem cobertas por algumas peles de animais, pareciam da mesma rocha rugosa da gruta e completamente isolada. A única saída visível era a porta por onde entraram, mas tendo em conta o que vira só naoki saberia se realmente se havia mais alguma passagem. Nos cantos da sala havia alguns barris abertos com armas depositadas no seu interior, correntes e grilhetas nas paredes de um lado da sala onde o homem estava preso, ao passo que do outro lado da sala estavam “espantalhos”. Como se metade da sala se destinasse a prender pessoas, e a outra a treinar novos recrutas. Não havia tempo a perder mesmo que a sala fosse isolada com o grito do seu companheiro os restantes elementos do gang não tardariam a verificar o que se passara. Aproximara-se do cadeado que o impedia de se afastar mais de um metro da parede e com uma das suas milagrosas agulhas levara cerca de trinta segundos a abrir. Por essa altura já o Setsugami tinha livrado o homem da mordaça e das cordas que impediam o movimento dos seus braços.
-Muito obrigado! Vocês salvaram-me. Estes trastes raptaram-me enquanto eu cortava árvores para a aldeia ter lenha. Mas não percebo porque, eu sou um humilde lenhador sem grandes posses, mas tudo o que falavam era quanto conseguiriam sacar de resgate a minha mulher. – Acalmara o homem apesar de não ser o seu objectivo também não iria deixar a pobre alma ali a apodrecer. Se bem que aquele “bandinho” já o começava a irritar não só roubavam como se não bastasse estavam a recorrer também raptos.

- COM QUE RAIO DE GENTE TE DAVAS? – Rebentara, não o fizera por malícia, era simplesmente a sua maneira de ser, tudo o que tinha de dizer dizia-o na hora, acabando mesmo por esmurrar a ombreira da porta. A dor aclarara-lhe as ideias – Desculpa, mas tendo em conta a forma como eles se comportam não consigo entender, mas como a minha mãe costumava dizer águas passadas não movem moinhos e nós ainda temos trabalho para fazer.
Ainda havia dois caminhos a por explorar, mas com um bocadinho de sorte tanto Gerard como o dinheiro do comerciante estariam no mesmo local. Tudo o que restava agora era explorar o resto do esconderijo.

Ouviu o comentário do outro rapaz, e quase teve vontade de se rir, afinal era isso que significa um nakama, estar lá quando o outro precisasse, e certamente Hibari sabia isso. Ele tinha a sua forma de dizer as coisas, que era deveras... especial. Naoki no entanto tinha trabalho a fazer, e não se deixou impedir antes de o terminar, soltando o homem que se encontrava um pouco mais à frente.
A explicação fora breve e concisa, e apenas o deixava mais confuso perante as escolhas de Gerard. Porque quereria ele raptar alguém sem posses? O que o levaria a cometer actos tão barbáricos como aqueles? Não ficou a pensar demasiado naquilo, e rápidamente caminhou para fora da porta, seguindo pelo corredor onte antes estivera, e indo em direcção a uma das outras salas.

Foi impedido de continuar bem antes do que havia imaginado. Gerard, o líder daquele gang, aparecia agora do corredor à sua esquerda. O rapaz tinha longos cabelos loiros e uma pala no olho direito, e parecia ser tão ou mais alto que Hibari. Com ele vinham mais dois membros do gang cada um armado com uma fisga e o que pareciam ser umas bolas metálicas. Os objectos redondos, apesar de pequenos, transmitiam a sensação de serem bastante pesados e robustos, provavelmente causariam bastantes estragos se acertassem no corpo humano.

Ah, Naoki! Estou a ver que decidiste fazer uma visita aos teus velhos amigos. - mencionou. Na sua face corria uma pequena, e quase invisível, gota de suor. - Espero que não tenciones sair daqui com o meu melhor amigo, ou as coisas poderiam ficar bastante feias. - os seus movimentos corporais pareciam trair as suas palavras. Incerteza e receio pareciam emanar dos seus olhos como água de uma fonte.
É uma pena ver que os ditos “velhos amigos” não passam mais de velhas carcaças que não sabem sequer fazer distinção entre o certo e o errado. Mas isso resolve-se mais facilmente do que possas esperar, porque eu tenciono sair daqui sim, e com tudo o que roubaste dos aldeões. - disse, deixando o Gerard ainda mais tenso. Mas não era isso que o impediria de continuar, e fazer um sinal aos dois que o acompanhavam, que rapidamente prepararam as fisgas para um possível ataque.
Para Naoki, aquilo era quase que uma brincadeira de crianças, ele havia-se treinado exactamente por aquele motivo, anos a fio. A sua mão tocou na baínha da katana, colocada à sua cintura, e quase como o movimento do vento, ele passou pelos três membros do gang sem que eles pudessem mover um dedo. O seu objectivo não eram eles, e sim uma sombra que se situava bem mais atrás. Um estranho homem que nunca vira antes na ilha era provavelmente mais suspeito do que deveria parecer a uma primeira vista, e ele tinha uma certa capacidade para detectar os mais ínfimos detalhes à distância.

O que fazes nesta ilha? - disse, com a sua katana a roçar o pescoço do homem, que provavelmente não esperava encontrar alguém com tanta capacidade por aquelas bandas. - Dependendo da tua resposta, poderei ser forçado a executar-te aqui e agora. - a força exercida na lâmina fazia agora escorrer um pequeno fio de sangue pelo pescoço do homem.
N-não me mates, por favor! - disse o homem, mais atrapalhado do que poderia parecer - Sou apenas um mensageiro.
Não sei se estou interessado em saber que mensagem trazes, mas não te permitirei aterrorizar a minha vila. Porque estás aqui!?
Esta vila é a próxima. O capitão Jerõme não perdoa! - o homem, erráticamente acreditando que um jovem não teria coragem de matar alguém, afastou-se, e num movimento um pouco torpe aproveitou para tentar dar um soco da face do ruivo.

Erro dele. E apercebeu-se disso à medida que viu o seu braço direito cair no chão, sozinho. O cheiro a sangue inundou o esconderijo subterrâneo em meros instantes. - Já te disse que não estava interessado na tua mensagem. - disse com mais calma que Gerard teria esperado. O líder do bando estava agora a olhar para ele como se nunca o tivesse visto antes. Sim, ele tencionava navegar daquela ilha para fora, e para que tal acontecesse ele havia-se preparado por dois anos, física e mentalmente. Ele era agora sem sombra de dúvida um pirata. Mas as suas palavras não eram dirigidas apenas ao homem, e continuou voltando-se desta vez para o líder do gang. - Não precisas de pedir desculpas, Gerard. Compreendo que estivesses a tentar sobreviver, mas este escumalha não é sequer um pirata, ele não tem capacidade de magoar uma única mosca. E quanto ao dito capitão dele, eu tratarei disso, não deixarei que eles façam a mesma coisa a Baterilla que fizeram em tempos!

A escolta do homem, primeiramente para obter tratamento do seu braço amputado e posteriormente para ser encarcerado para interrogatório, correu sem mais delongas. E o lenhador voltou para a sua mulher, que como seria de esperar, chorou de alegria. O dinheiro havia sido restituido aos seus respectivos donos, e Naoki estava contente com o desfecho de tudo aquilo.

Desculpa, Hibari-san, por te ter arrastado para o meio de tudo isto. - disse Sei que é complicado compreender as minhas acções por vezes, mas peço-te que compreendas mais uma vez aquilo que vou fazer a seguir. - a sua voz era calma, talvez demais para a sua habitual compostura Precisamos de nos separar por agora, e daqui por duas semanas quero que vás ter comigo à ilha do principio e do fim, no east blue. - Hibari pareceu compreender, mas Naoki não lhe dera realmente tempo para ele assimilar a informação, e sem mais demoras partira rumo ao porto, onde acharia uma forma de viajar o quanto antes.

Naoki:
Ortografia - Não vi nenhum erro.(5/5)
Organização - Esteve muito bem organizado, parágrafos bem feitos, vírgulas e pontos postos nos locais exatos, fora talvez uma ou outra vírgula. (4/5)
Descrição - Como me sempre fizeste habituar, deste a sensação exata do que era estar no local, só não vou dar o máx porque ainda se pode fazer melhor. (4/5)
Criatividade - Gostei pela maneira como juntaram as duas missões e também como encaixou no teu passado como char, pegaram nas duas missões e ficou muito bem. (5/5)

Nota Final: 18 Missão passada.

Hibari:
Ortografia - Também não vi nenhum erro. (5/5)
Organização - Falhou a localização de uma ou outra vírgula, mas nada por aí além. (4/5)
Descrição - Uma ótima descrição elaborada com bom vocabulário, criou-se na cabeça a imagem da ação do texto (4/5)
Criatividade - Vou dar a mesma nota que o Naoki pois a missão foi dos dois.

Nota Final: 18 - Missão Passada.